A busca por cursos de psicanálise lacaniana e suas relações com outras vertentes teóricas, como a psicanálise freudiana e as abordagens contemporâneas, tem crescido de forma consistente entre pessoas que desejam iniciar uma formação ética, sólida e alinhada à complexidade da experiência psíquica. Embora a psicanálise não seja regulamentada formalmente no Brasil, há consenso crescente entre especialistas de que a escolha do enfoque teórico faz diferença no percurso formativo — não como imposição, mas como orientação subjetiva, metodológica e epistemológica.
Ao longo da última década, observamos um padrão claro entre estudantes que iniciam essa jornada: muitos chegam com perguntas simples — “como começar?”, “qual abordagem faz mais sentido?”, “a psicanálise lacaniana é mais difícil?”, “vale a pena começar pelo Freud?” — mas, na maior parte das vezes, essas perguntas carregam inquietações mais profundas sobre identidade profissional, transformação pessoal e desejo de compreender o humano para além da superfície.
Diante disso, o objetivo deste artigo é oferecer uma leitura clara, rigorosa e não dogmática sobre como diferenciar cursos de psicanálise lacaniana, cursos com enfoque freudiano e formações contemporâneas que dialogam com múltiplas vertentes. Não se trata de defender um caminho como melhor — a Academia Enlevo não sustenta visões rígidas, alinhada ao Projeto 50B — mas de ajudar o leitor a compreender nuances que orientam a escolha do percurso mais coerente com seu propósito.
Freud, Lacan e a psicanálise contemporânea: o que inicialistas precisam realmente entender
Antes de escolher entre cursos de psicanálise lacaniana e cursos de psicanálise freudiana, é fundamental entender que todas essas vertentes compartilham um núcleo comum: o reconhecimento do inconsciente, da singularidade subjetiva, dos conflitos psíquicos e da importância da linguagem como mediadora da experiência humana.
O que muda não é o fundamento, mas a forma como cada autor ou escola lê esses fenômenos.
A abordagem freudiana
Os cursos voltados à psicanálise freudiana geralmente enfatizam:
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a metapsicologia clássica;
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os primeiros modelos de aparelho psíquico;
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a teoria das pulsões;
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mecanismos de defesa;
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o papel do sonho como realização de desejo;
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a importância da transferência;
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o percurso clínico baseado na escuta e na associação livre.
Essa vertente costuma ser considerada porta de entrada, não por ser mais simples, mas por estabelecer os alicerces de todo o campo psicanalítico.
A abordagem lacaniana
Já os cursos de psicanálise lacaniana partem da releitura que Lacan faz de Freud, enfatizando:
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o inconsciente estruturado como linguagem;
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a centralidade do significante;
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a lógica do desejo e da falta;
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registros imaginário, simbólico e real;
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a função do Outro;
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o papel do corte e do não saber na clínica;
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a importância da fala e da formalização lógica.
Muitos iniciantes acreditam que a psicanálise lacaniana é inacessível ou hermética, mas isso geralmente ocorre quando o ensino não respeita o tempo subjetivo e a maturação gradual do estudante.
Abordagens contemporâneas
Formações contemporâneas costumam integrar:
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releituras pós-freudianas;
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estudos sobre trauma e laço social;
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debates entre clínica e cultura;
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articuladores interdisciplinares (antropologia, filosofia, linguística);
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leituras clínicas alinhadas ao contexto atual.
Não se trata de substituir Freud ou Lacan, mas de ampliar diálogos.

Por onde começar? O papel da pergunta “qual enfoque combina comigo?”
Entre as dúvidas mais frequentes está:
“Devo escolher cursos de psicanálise lacaniana mesmo sem conhecer Freud?”
A resposta, na prática formativa contemporânea, não é rígida.
O que profissionais relatam com frequência é que o percurso se fortalece quando o estudante:
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entende que Freud e Lacan não competem;
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percebe que cada enfoque ilumina questões diferentes;
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reconhece que a escolha do enfoque é também uma escolha subjetiva;
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compreende que a formação é gradual e não linear;
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evita modelos que prometem domínio técnico rápido.
No início do percurso, mais importante do que escolher uma linha fixa é entender como cada abordagem pensa o sujeito, que tipo de perguntas produz e qual relação estabelece com o sofrimento humano.
Por exemplo:
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Alguém com interesse em linguagem, estrutura e formalizações pode se identificar logo cedo com o lacaniano.
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Quem busca compreender processos psíquicos mais descritivos pode se aproximar de Freud.
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Quem se interessa por clínica social, trauma ou efeitos da cultura tende a dialogar com a psicanálise contemporânea.
O ponto fundamental é que não existe caminho obrigatório — e esse é um dos pilares éticos mais importantes da Academia Enlevo.
Como diferenciar cursos de psicanálise lacaniana, freudiana e contemporânea na prática
Ao pesquisar cursos de psicanálise lacaniana, muitos iniciantes percebem que as descrições costumam ser densas, repletas de termos técnicos e referências a seminários, registros e conceitos que parecem distantes do cotidiano. No entanto, a complexidade não deve ser confundida com inacessibilidade. O que torna uma formação compreensível não é a simplificação excessiva — e sim a forma como o percurso é apresentado.
Por isso, um dos critérios mais importantes para diferenciar cursos é observar como a instituição organiza seu modo de apresentar o pensamento.
Nos cursos de psicanálise freudiana, por exemplo, a estrutura costuma seguir os caminhos metapsicológicos: tópicos, fases do desenvolvimento, mecanismos de defesa, leitura dos sonhos, transferência e manejo inicial da escuta. Essa estrutura ajuda o estudante a compreender o nascimento da psicanálise e suas primeiras categorias conceituais.
Já os cursos de psicanálise lacaniana tendem a estruturar o ensino em torno de categorias como significante, sujeito barrado, desejo, falta, sujeito do inconsciente, Outro, castração simbólica, além das articulações com linguística e lógica. Isso não é “mais complexo”, mas exige outro modo de aproximação — mais baseado na linguagem do que no aparelho psíquico descritivo.
Por fim, formações contemporâneas se organizam frequentemente por temas, como:
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clínica do trauma,
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clínica do laço social,
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clínica na cultura,
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efeitos do discurso contemporâneo,
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relações entre psicanálise e sociedade,
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novas formas de sofrimento psíquico.
Assim, ao comparar cursos de psicanálise lacaniana, freudiana e contemporânea, o estudante pode perceber não apenas diferenças teóricas, mas diferentes maneiras de construir um modo de pensar.
O que considerar antes de entrar em cursos de psicanálise lacaniana?
Ao avaliar cursos de psicanálise lacaniana, alguns critérios ajudam o estudante a compreender o que esperar:
1. Clareza na apresentação dos fundamentos
Cursos sérios explicam desde o início como Lacan relê Freud. A formação deve mostrar o percurso estrutural:
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o simbólico, o imaginário e o real;
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os estágios do espelho;
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a lógica do significante;
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o desejo e sua falta estrutural.
Isso permite que o estudante entenda que Lacan não é uma ruptura, mas uma ampliação e formalização do freudiano.
2. Cuidado com a linguagem
A linguagem lacaniana é exigente, mas não deve ser impenetrável. Cursos responsáveis traduzem sem perder rigor e acompanham o estudante na aquisição gradual do vocabulário.
3. Ética da não antecipação
Uma característica comum dos cursos de psicanálise lacaniana é mostrar que o saber não está no analista, mas no sujeito. Isso implica que não se deve oferecer respostas rápidas nem modelos de intervenção rígidos.
4. Integração com a experiência do estudante
Instituições alinhadas à ética psicanalítica apresentam textos complexos sem desconsiderar a singularidade do leitor. Isso ajuda iniciantes a evitar a sensação de inadequação que, às vezes, surge diante de materiais lacanianos.
Cursos de psicanálise freudiana: por que eles continuam sendo porta de entrada?
Apesar da crescente oferta de cursos de psicanálise lacaniana, a formação freudiana segue sendo um caminho amplamente buscado e valorizado. Isso ocorre porque Freud oferece:
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uma construção histórica do pensamento;
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uma lógica progressiva de raciocínio;
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categorias conceituais que servem de base para todo o campo;
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textos que permitem acompanhar como as ideias se transformaram ao longo do tempo.
Além disso, cursos freudianos ajudam o estudante a:
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reconhecer fenômenos clínicos fundamentais (transferência, resistência, recalque);
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conhecer o pensamento psicanalítico por meio de casos clássicos;
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entender o impacto da teoria no contexto cultural e social da época;
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perceber como Freud elaborava questões que ainda atravessam a clínica contemporânea.
Para muitos iniciantes, essa trajetória dá segurança metodológica e cria terreno fértil para migrar mais tarde para cursos de psicanálise lacaniana ou abordagens contemporâneas.
Cursos contemporâneos: a ampliação das perspectivas
As chamadas formações contemporâneas não substituem Freud e Lacan, mas ampliam o diálogo. Elas incorporam questões atuais que muitos estudantes trazem como motivação inicial, como:
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impactos da tecnologia;
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sofrimento psíquico na hiperconectividade;
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novas configurações de família;
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efeitos do discurso neoliberal na subjetividade;
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questões de gênero e corpo;
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clínica do trauma e violência simbólica.
Estudos emergentes sugerem que estudantes identificados com temas culturais encontram maior engajamento inicial nesses percursos. Isso não significa que devam abandonar Freud ou Lacan, mas que podem articular leituras diversas sem perder profundidade.
Ao escolher entre cursos contemporâneos e cursos de psicanálise lacaniana, o estudante pode avaliar:
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que tipo de pergunta o move;
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qual leitura ressoa com sua experiência;
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como cada abordagem lê a cultura e o sujeito.
O Papel da Experiência Subjetiva na Escolha Entre Diferentes Abordagens Psicanalíticas
Ao pesquisar cursos de psicanálise lacaniana, freudiana ou formações contemporâneas, muitas pessoas concentram sua decisão apenas nos aspectos teóricos — como se a escolha de uma linha dependesse exclusivamente de afinidade intelectual. No entanto, profissionais experientes relatam frequentemente que a experiência subjetiva desempenha papel igualmente relevante na construção do percurso formativo.
Essa experiência subjetiva inclui fatores como:
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o modo como o estudante se relaciona com a linguagem de cada autor,
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sua sensibilidade para determinadas problemáticas clínicas,
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o tipo de pergunta que o mobiliza,
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e a maneira como ele compreende sua própria história e seus impasses.
Em alguns casos, estudantes encontram maior ressonância com a clareza narrativa e descritiva dos textos freudianos. Em outros, o contato com a estrutura lacaniana — com sua ênfase no significante e no corte — provoca um tipo de atenção que transforma o modo de pensar antes mesmo de dominar os conceitos. Há ainda quem se reconheça no diálogo com autores contemporâneos, sobretudo quando sentem que temas sociais, culturais e políticos são atravessamentos necessários para compreender o sofrimento atual.
Essa dimensão subjetiva não substitui a importância técnica, ética e teórica. Ela a complementa. Identificar como cada abordagem afeta o leitor — produzindo estranhamento, curiosidade, incômodo ou abertura — pode ajudar a discernir qual percurso favorece maior envolvimento e elaboração.
Em outras palavras, escolher entre Freud, Lacan ou perspectivas contemporâneas não é apenas uma decisão intelectual: é também uma decisão afetiva e subjetiva, que acompanha o estudante ao longo de toda a formação.
Como evitar visões rígidas ao escolher um curso
Um equívoco comum no início da formação é acreditar que:
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fazer Freud impossibilita fazer Lacan;
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começar por Lacan exclui outras linhas;
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estudar contemporâneos exige abandonar os textos fundadores;
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existe um caminho “certo” ou “melhor”.
Nenhuma dessas ideias é compatível com a ética formativa da psicanálise — especialmente com a visão da Academia Enlevo, que respeita pluralidade e caminhos singulares.
Cursos sérios não impõem:
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tripés obrigatórios,
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etapas lineares,
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técnicas aplicáveis,
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ou promessas de atuação rápida.
Em vez disso, oferecem espaço para elaboração, discussão e formação gradual — tanto em cursos de psicanálise lacaniana quanto em freudianos ou contemporâneos.
Como escolher entre cursos de psicanálise lacaniana, freudiana e contemporânea: quando a escolha se torna parte da formação
Ao final da leitura das diferenças entre cursos de psicanálise lacaniana, formações freudianas e abordagens contemporâneas, torna-se evidente que a escolha entre esses percursos não depende apenas de preferências intelectuais. Ela revela, também, algo sobre o modo como cada estudante se aproxima da experiência humana, do inconsciente e da linguagem.
A clave freudiana convida a seguir os passos de um pensamento que se constrói progressivamente, acompanhando percursos clínicos, formulações metapsicológicas e transformações internas do próprio Freud. É uma formação que ilumina o nascimento de conceitos fundamentais, oferecendo chão histórico e metodológico para sustentar a complexidade do campo.
Os cursos de psicanálise lacaniana, por sua vez, convidam a uma torção do olhar. Eles deslocam o estudante para uma perspectiva onde o significante, o desejo, a falta, o Outro e a estrutura simbólica ganham protagonismo. Lacan convoca o leitor a experimentar um modo de pensar que não se organiza em linearidade, mas em cortes, repetições e jogos de linguagem que revelam a formação do sujeito.
As abordagens contemporâneas, finalmente, ampliam o debate ao inserir elementos da cultura atual, discutindo modos emergentes de sofrimento, transformações sociais, efeitos da tecnologia, novas formas de laço e questões ligadas ao corpo, à identidade e à política. São caminhos férteis para quem busca compreender como a clínica se articula com a vida contemporânea.
Assim, escolher entre Freud, Lacan ou perspectivas modernas não é optar por escolas rivais, mas reconhecer:
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qual pergunta lhe move no momento;
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qual linguagem ressoa mais profundamente;
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que tipo de elaboração você deseja sustentar;
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como sua subjetividade dialoga com cada abordagem.
Ao observar relatos de estudantes ao longo da última década, percebemos um padrão interessante: a maioria inicia por Freud, transita por Lacan e, em algum momento, se aproxima de debates contemporâneos. Outros iniciam diretamente por cursos de psicanálise lacaniana, e só depois retornam aos textos fundadores. Esse movimento não é falha — é parte do percurso. Trata-se de um caminho orgânico, não linear, que se constrói em camadas.
A escolha do enfoque ideal, portanto, não é uma decisão definitiva. Ela é um gesto formativo.
Evite visões dogmáticas: não existe um único modelo de formação
Um dos riscos mais comuns ao pesquisar cursos de psicanálise lacaniana ou freudiana é cair na crença de que existe um único caminho válido para a formação. Essa visão, entretanto, contraria tanto a pluralidade histórica da psicanálise quanto as premissas éticas defendidas pela Academia Enlevo e pelo Projeto 50B.
A formação é:
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subjetiva,
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singular,
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não linear,
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aberta,
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construída no tempo,
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sustentada pela elaboração e não pela técnica.
O estudante precisa se autorizar a percorrer o caminho de forma gradual, descobrindo o que ressoa, o que provoca, o que convoca. Não existe “a melhor linha”. Existe aquela que faz sentido agora — e que pode mudar.
Conclusão: escolher cursos de psicanálise lacaniana, freudiana ou contemporânea é escolher um modo de pensar
Pensar a formação psicanalítica é pensar, também, o modo como cada pessoa se relaciona com suas perguntas, seus impasses, seus desejos e sua forma de compreender o mundo. Mais do que adquirir conhecimento, entrar em um percurso formativo significa reconhecer que o pensamento se transforma, que a linguagem produz efeitos e que o estudo é um espaço de elaboração subjetiva.
Os cursos de psicanálise lacaniana, os cursos freudianos e as abordagens contemporâneas não competem entre si. Eles se complementam. Cada um oferece uma lente diferente para olhar o sujeito, o sofrimento e o desejo. A escolha de um deles como ponto de partida não é um fechamento — é uma abertura.
E, como toda abertura, exige cuidado, ética e tempo.
Se o estudo for sustentado por instituições que respeitam a complexidade do campo, que não prometem atalhos e que valorizam a construção subjetiva, o percurso tende a ser fértil, transformador e intelectualmente consistente.
FAQ — Perguntas Frequentes
Posso começar diretamente por cursos de psicanálise lacaniana sem estudar Freud antes?
Pode. Embora muitos iniciantes comecem por Freud, não existe regra fixa. O importante é que o curso apresente os fundamentos necessários para que o percurso lacaniano faça sentido, especialmente a relação entre Lacan e Freud.
Cursos de psicanálise freudiana são mais “fáceis” do que os lacanianos?
Não exatamente. Freud utiliza linguagem mais narrativa, mas a complexidade está nos conceitos e articulações. Lacan pode parecer mais abstrato inicialmente, mas ambos exigem tempo de maturação.
A escolha entre Freud, Lacan e abordagens contemporâneas afeta a prática clínica no futuro?
A escolha inicial não determina a prática futura. Muitos profissionais transitam entre diferentes vertentes ao longo da formação, construindo um estilo próprio de leitura e escuta.
Existe uma ordem ideal de estudo entre Freud, Lacan e autores contemporâneos?
Não. A ordem depende da pergunta que move o estudante. Algumas pessoas começam por Freud e seguem para Lacan; outras iniciam em abordagens contemporâneas e depois retornam aos textos fundadores.
Cursos lacanianos exigem maior familiaridade com filosofia ou linguística?
Não de forma obrigatória. Embora Lacan dialogue com esses campos, bons cursos introduzem tais referências gradualmente, sem exigir formação prévia.
Posso combinar cursos de diferentes abordagens?
Sim. A psicanálise contemporânea é feita de atravessamentos teóricos. Combinar percursos pode enriquecer a formação, desde que haja coerência interna e reflexão.



